O artista angolano Murthala Fançony Bravo de Oliveira, conhecido como Dog Murras, foi recentemente condecorado por entidades ligadas à cultura e soberania nacional, em reconhecimento ao seu papel como defensor da Bandeira Nacional e da Kazukuta, símbolo forte da cultura urbana de Angola.
Mais do que músico, Dog Murras é conhecido por ser um activista e voz crítica da sociedade, com uma carreira marcada por canções de intervenção, denúncia social e exaltação da identidade angolana. Um verdadeiro “revú” cultural, que sempre usou a arte como arma de resistência.
Mas foi o visual escolhido para o momento de destaque público que acendeu o debate nas redes sociais: uma gravata, rígida, com formato semelhante a uma corda, pendurada no pescoço do artista. Para muitos, o acessório não foi um acaso — foi uma mensagem clara.
Isso é corda. A mensagem direta que ele passou ao PR é: ‘Você está a nos enforcar’. Ele é revú e muito inteligente”, comentou Raul Manuel Lemos.
“Essa gravata significa que estamos a ser enforcados pelo nosso próprio governo”, refletiu outro internauta.
Nas redes, a simbologia do gesto foi interpretada como um protesto silencioso, vindo de um artista crítico que, mesmo sendo homenageado, não abriu mão da sua postura questionadora. A gravata, ao invés de mero acessório, tornou-se o símbolo de um país onde o povo sente o aperto do sistema.
A atitude reabre discussões sobre liberdade de expressão, representatividade cultural e o papel dos artistas na leitura e denúncia dos problemas sociais. Murras, como sempre, não precisou cantar — bastou aparecer para dar um recado profundo.